Giz


            O pequeno garoto começou a tossir forte, seus olhos quase fechados lacrimejavam enquanto o irmão mais velho ria por detrás da nuvem de pó de giz.
– Você é mesmo uma menina, Guga! –
            O menino menor abriu a boca para gritar “cala a boca, Chris!”, mas isso só fez com que engolisse mais pó de giz e tossisse ainda mais.
– Vem cá mulherzinha, vamos sair daqui – Disse Christian, passando o braço por cima dos ombros do irmão mais novo. Este tentou se desvencilhar com socos e empurrões, mas acabou desistindo.
– Por que você tem que ser tão mau, mano? –
– Me desculpa Guga, prometo que nunca mais vou fazer isso. Que tal uma corrida pra ver quem consegue fugir da escola primeiro? –
– Mas você é maior, não é justo! –
– Eu te dou 15 segundos de dianteira, que tal? –
– E se eu vencer, eu assisto desenho hoje – disse Gustavo, enquanto começava a correr na frente. Antes que fosse longe, sentiu que algo puxava o seu pé, e logo estava caído de bruços no chão, os braços protegendo o rosto. Levantou a cabeça a tempo de ver o irmão mais velho disparando pelo corredor.
– Isso é trapaça! – Gritou, estridente.
– Me alcança se puder, mulherzinha – Gritou o irmão em resposta.
            E Christian desapareceu em uma curva. Gustavo se levantou sem pressa. Tinha vontade de chorar, mas não o fez. Odiava as brincadeiras do irmão, mas sentia-se feliz por tê-lo por perto. No fim das contas, respirar pó de giz nem era um sacrifício tão grande.

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