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Mostrando postagens de 2014

Quando a placa cair

            Quem dera ele andasse de cabeça baixa. Desta forma não veria a imensa placa de metal pendurada em sua frente. Talvez fosse melhor assim, pois, se andasse de cabeça baixa, veria no chão um dos pregos que seguravam a imensa placa. Não fez diferença, pois agora estava num impasse. Como poderia prosseguir, sendo que teria de passar por debaixo daquela gigantesca e amarela guilhotina balançando ao vento? Precisaria esperar, pois tinha a certeza de que na cabeça de alguém aquela placa iria cair, e não podia ser na dele. Uma pessoa passou. A placa balançava, mas continuava lá. Três era seu número da sorte, iria passar por terceiro. Mas em seguida veio um casal, e ele perdeu o terceiro. A placa continuava balançando. Acima dele uma velha que regava as plantas da janela do apartamento o olhava com desconfiado interesse.             Três amigos passaram rindo, conversando e gritando. A pla...

Dança da Lua

            Entre giros sutis e rodopios no silêncio, ela sorri e chora, equilibrando-se na ponta da sapatilha, lançando ao ar seu vestido branco, que é prata, que é vermelho.             Um espetáculo que apenas a Lua presencia, e parece inchar de orgulho e admiração ao ver a coreografia que se desenrola dentro da imensa solidão da floresta. A Lua sorri e chora, iluminando as cores daquele vestido branco como se fez, prata como se vê, vermelho como se sente e tão negro quanto a maravilhosa luz da noite.             E a coreografia parece dançar junto da moça só, como que separados em um par. Pois a dança não é prevista, ela é sentida e exposta, gritada ao vento como angústia, sussurrada à terra como gratidão, tocada pelas árvores como paixão. E é sutilmente que a Terra, as Árvores e o Vento parecem dançar junto da moça de vestido verde, e a lu...