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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Carolina

Nasceu por si só Daquela que não a queria Privada de amor e afeto A morte lhe convinha Mas a vida é bela e ela queria a vida Cresceu por si só Onde não poderia Privada de pão e água A pobreza lhe convinha Mas a riqueza ostenta brilho e ela queria a riqueza Sonhou por si só Com lugares aonde não iria Privada de oportunidades O conformismo lhe convinha Mas o mundo é grandioso e ela queria o mundo Falou por si só Para quem não a ouvia Privada de atenção O anonimato lhe convinha Mas a fama eleva às nuvens e ela queria a fama Brilhou enfim sua estrela Clara como a luz do dia E todos sabiam seu nome Pois a fama lhe convinha Mas o anonimato é silencioso e ela preferia o anonimato Girou ao redor do globo Fez o que nunca faria Conhecia cada pátria Pois o mundo lhe convinha Mas o conformismo é confiável e ela preferia o conformismo Segurava em suas mãos Tudo o que não cabia Era a dona do que avistava Pois a riqueza lhe convinh...

Uísque Puro

            O homem velho de apenas quarenta anos serviu-se de mais um copo de uísque. Ao seu lado, o garotinho não sabia o que tinha acontecido, mas sabia o que ia acontecer. Já vira João bebendo daquele jeito antes, e não gostava. Desagradava-lhe principalmente o rosto sofrido, a expressão de culpa e remorso que lhe tomava conta embora, para muitos, ele ainda parecesse um homem durão. Mas a criança sabia, assim como sabia muitas coisas apenas porque é uma criança: quanto mais dura fosse a expressão do homem, mais ele estaria chorando por dentro. Foi assim, com esse pensamento em mente que o menino se aproximou de João, que não deveria ser velho, mas era. – Por que o senhor não chora? –             Mais um copo foi virado e novamente servido antes que o gigante se voltasse para o seu Davi. De onde surgira aquela criança? João não sabia dizer se ela era real ou fruto do seu estado já avançado...